Seleção Oficial: Mirada Paranaense e Olhares Brasil

Seleção Oficial: Mirada Paranaense e Olhares Brasil

De 7 a 15 de outubro todo o Brasil terá a oportunidade de conhecer o Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba. Com a atual situação do país e do mundo, com o isolamento e salas de cinema ainda fechadas, a 9ª edição do evento acontecerá online possibilitando um novo alcance de público. Entre as mostras do festival estão a Olhares Brasil, uma seleção especial com filmes nacionais que vêm se destacando ao longo de festivais, e a Mirada Paranaense, com um recorte da recente produção do estado.

Olhares Brasil

Entre os títulos estão longas e curtas-metragens que compõem um recorte da nova e mais ousada cinematografia brasileira. A diversidade de olhares e narrativas é o ponto de maior destaque da mostra que traz a co-produção Brasil/Portugal/Moçambique “Um Animal Amarelo”, nova fábula visual de Felipe Bragança, exibido no começo do ano no Festival de Roterdã. A seleção conta também com o vencedor do prêmio do júri na 23ª Mostra de Tiradentes “Canto dos Ossos”, de Jorge Polo e Petrus Bairros, e ainda da mostra mineira, o longa “Cabeça de Nêgo”, que cria uma narrativa que tem como base ideais do Panteras Negras.

Um animal amarelo, de Felipe Bragança

Outro destaque é o documentário “Fakir”, assinado por Helena Ignez. O filme tem despertado as mais diversas sensações por onde passa. Foi exibido no 52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, no XV Panorama Coisa de Cinema e forumdoc.bh, além de outros festivais brasileiros e internacionais.

O veterano Geraldo Sarno também tem filme na seleção. O diretor de “Viramundo” (1965) apresenta no Olhar de Cinema seu último filme, “Sertânia”, uma revisita modernizada ao sertão, ao cangaço e ao cinema novo.

Sertânia, de Geraldo Sarno

A ancestralidade é o tema dos dois títulos que completam a mostra: “Cavalo”, de Rafhael Barbosa e Werner Salles Bagetti e “Yãmĩyhex: as mulheres-espírito”, da Associação Filmes de Quintal. Enquanto este se volta para o resgate da mitologia e tradição indígena, aquele traz a dança para falar das marcas do passado.

A seleção de curtas também está bem atenta às temáticas atuais. Negritude, lesbiandade e anscestralidade se fazem presentes nos curtas “Enraizadas”, de Juliana Nascimento e Gabriele Roza; “Minha História É Outra”, de Mariana Campos; “Mãtãnãg, a Encantada”, de Shawari Maxacali e Charles Bicalho, “A Morte Branca do Feiticeiro Negro”, de Rodrigo Ribeiro, e “O verbo se fez carne”, de Ziel Karapotó.

Distopias também não ficaram de fora. Conversando com os dias atuais, está o curta de Matheus Farias e Enock Carvalho “Inabitável”. Já o exibido no 17º IndieLisboa “Os Últimos Românticos do Mundo”, de Henrique Arruda, faz uma ponte entre o futuro pré-apocalíptico e o desconhecido.

Mirada Paranaense

Nesta 9ª edição do evento, onze títulos integrarão a mostra local. Entre eles está o longa-metragem documental “A Alma do Gesto”, de Eduardo Baggio e Juslaine Abreu-Nogueira, que explora a criação artística e a construção imagética de outra arte que não o cinema. A arte também é o tema de “Exumação da Arte”, curta-metragem de Maurício Ramos Marques.

Outros 9 curtas integram a seleção, que destaca o racismo e a negritude como um de seus temas. Exibido na 23ª Mostra de Tiradentes, “E no rumo do meu sangue”, de Gabriel Borges, reorganiza imagens para construir uma nova narrativa. O documentário “Meia Lua Falciforme”, de Dê Kelm e Débora Evellyn Olimpio, fala sobre a Doença Falciforme, que afeta principalmente a população afrodescendente. 

A mostra traz também a história de Enedina Alves Marques, a primeira mulher negra a se formar engenheira no Brasil, no curta “Além de Tudo, Ela”, de Pedro Vigeta Lopes, Pâmela Regina Kath, Mickaelle Lima Souza, Lívia Zanuni. Em linguagem experimental, “Cor de Pele”, de Larissa Barbosa, questiona as opressões sofridas pelas mulheres negras.

Outro retrato do preconceito da sociedade está no curta de documentário “Seremos Ouvidas”, de Larissa Nepomuceno, que investiga o movimento feminista surdo. As mulheres, em diferentes fases da vida, também são o foco dos curtas “Aonde Vão os Pés”, de Débora Zanatta, e “A Mulher Que Sou”, de Nathália Tereza. Este, premiado no último festival de Gramado, com o Kikito de melhor atriz para Cassia Damasceno.

A mulher que sou, de Nathália Tereza

Completam a seleção a única animação da mostra, “Napo”, curta afetivo de Gustavo Ribeiro sobre memória, e “Cancha – Domingo é dia de jogo”, de Welyton Crestani, sobre o poder do futebol de várzea em Vila Verde.

Cancha – Domingo é dia de jogo, de Welyton Crestani

Confira a lista completa de selecionados para as duas mostras:

OLHARES BRASIL

LONGAS-METRAGENS

Um Animal Amarelo (Brasil/Portugal/Moçambique, 2020, 115 min.), de Felipe Bragança
Cabeça de Nêgo (Brasil, 2020, 86 min.), de Déo Cardoso
Canto dos Ossos (Brasil, 2020, 89 min.), de Jorge Polo e Petrus de Bairros
Cavalo (Brasil, 2020, 85 min.), de Rafhael Barbosa e Werner Salles Bagetti
Fakir (Brasil, 2019, 92 min.), de Helena Ignez
Sertânia (Brasil, 2019, 97 min.), de Geraldo Sarno
Yãmĩyhex: as mulheres-espírito (Brasil, 2020, 76 min.), de Sueli Maxakali e Isael Maxakali

CURTAS-METRAGENS

Enraizadas (Brasil, 2019, 14 min.), de Juliana Nascimento e Gabriele Roza
Inabitável (Brasil, 2020, 20 min.), de Matheus Farias e Enock Carvalho
Mãtãnãg, a Encantada (Brasil, 2019, 14 min.), da Shawara Maxakali e Charles Bicalho
Minha História É Outra (Brasil, 2019, 22 min.), de Mariana Campos
A Morte Branca do Feiticeiro Negro (Brasil, 2020, 10 min.), de Rodrigo Ribeiro
Os Últimos Românticos do Mundo (Brasil, 2020, 23 min.), de Henrique Arruda
O verbo se fez carne (Brasil, 2019, 6 min.), de Ziel Karapotó

MIRADA PARANAENSE

LONGA-METRAGEM

A Alma do Gesto (Brasil, 2020, 66 min.), de Eduardo Baggio e Juslaine Abreu-Nogueira

CURTAS-METRAGENS

Além de Tudo, Ela (Brasil, 2019, 10 min.), de Pedro Vigeta Lopes, Pâmela Regina Kath, Mickaelle Lima Souza, Lívia Zanuni
Aonde Vão os Pés (Brasil, 2020, 14 min.), de Débora Zanatta
Cancha – Domingo é dia de jogo (Brasil, 2020, 18 min.), de Welyton Crestani
Cor de Pele (Brasil, 2019, 3 min.), de Larissa Barbosa
E no rumo do meu sangue (Brasil, 2019, 4 min.), de Gabriel Borges
Exumação da Arte (Brasil, 2020, 14 min.), de Maurício Ramos Marques
Meia Lua Falciforme (Brasil, 2019, 22 min.), de Dê Kelm e Débora Evellyn Olimpio
A Mulher que Sou (Brasil, 2019, 15 min.), de Nathália Tereza
Napo (Brasil, 2020, 17 min.), de Gustavo Ribeiro
Seremos Ouvidas (Brasil, 2020, 13 min.), de Larissa Nepomuceno

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